sábado, 18 de setembro de 2021

monte abraão, fragmentos dos cadernos de duarte belo

 



Monte Abraão, Fragmentos dos Cadernos de Duarte Belo, o terceiro título do selo artes breves edições, estará disponível a partir de 21 de setembro.

Inclui uma selecção de fotografias dos Cadernos de Duarte Belo, intercaladas com palavras do poema «Canto Vesperal», de Ruy Belo.



 concepção, desenho de página e produção 

antónio alves martins | artes breves edições

                                               



o livro exposto.






















































































































































































o texto da folha impressa.


“VISITEI MONTE ABRAÃO (O LUGAR) apenas uma vez, nocturna, levado pela participação no velório de um amigo. Se a memória não me falha – e a minha memória é muito dançarina –, estávamos nos inícios da década de 1990.

Conheci Duarte Belo, por mero acaso, aquando de uma visita que fez às Edições Cotovia, em Lisboa, também no início da década de 1990. Passaram cerca de trinta anos até que nos voltássemos a encontrar, em Santa Comba Dão, para que pudesse apreciar uma prova completa do livro que agora se publica. Entre estas datas, e além dos e-mails trocados durante a preparação do projecto, apenas por uma vez trocámos algumas palavras numa sessão zoom de 25 de janeiro, no âmbito da edição de 2021 da Escola Informal de Fotografia (coordenada pela fotógrafa Susana Paiva) e para a qual Duarte Belo tinha sido convidado. Foi esta sessão, junto com o que é referido abaixo, que me levou a revisitar os arquivos digitais do autor e a dar mais atenção a uns cadernos que não esquecera: os Cadernos de Monte Abraão (datados entre 1990 e 1993).

Por razões que não vêm ao caso, a continuação do projecto editorial iniciado em 2020 com o livro Na Cidade Exposta: Coimbra e continuado em 2021 com a publicação de um outro livro – Suspensão, Ecos de Silêncio na Cidade Exposta –, ambos com fotografias da minha autoria, começava a exigir abertura, isto é, tornava-se urgente pensar as publicações previstas (num total de sete) a partir da obra de outros fotógrafos. Não demorou a que Monte Abraão deixasse de ser uma mera referência geográfica, topográfica e digital para começar a ser a ideia de uma série de imagens em forma de livro. Sabia, também, da existência de um conjunto de poemas de Ruy Belo cujo título – Monte Abraão – criava uma ligação quase umbilical à ideia de um livro inserido num projecto editorial que pretende dar primazia à relação dinâmica – visceral – entre a imagem fotográfica e a tipografia das imagens que habitam as palavras escritas.

Mas então, qual o sentido de publicar, em 2021, um livro que apresenta uma pequena selecção de fotografias alheias de um lugar da Grande Lisboa que praticamente nada me diz, ainda para mais tratando-se de imagens a preto-e-branco com uma matriz que as remete para tempos muito antigos, arcaicos, quase míticos?

Penso poder responder com alguma certeza agora, no momento em que toco a primeira prova do livro, impressa no papel e no formato finais: por um lado, a vontade de dar continuidade à experiência venturosa que constitui o tempo da edição (da arquitectura) de um livro, desta vez a partir de um arquivo – de uma matéria – que não nos pertence mas que, misteriosamente, nos desafia sem piedade; por outro, a memória cruzada que fui recuperando dos tempos vividos para lá dos limites da cidade de Lisboa, numa urbanização com uma tipologia de prédios muito próxima da de Monte Abraão, situada na freguesia da Brandoa, concelho da Amadora, entre os anos de 1986 e 1998: a vida suspensa nos limiares da cidade.

Contudo, mais que a revisitação das minhas memórias de uma certa periferia, mais que o registo documental de um lugar enquanto território específico, o que o trabalho de edição deste livro oferece é a possibilidade de experimentar o lugar que as fotografias de Duarte Belo mostram (dos inícios de 1990) segundo as linhas de um olhar que traça um movimento essencial – entre exterior e interior (a casa como mundo interior, onde os prédios são estantes e os livros casas), o dia e a noite, a luz e o negro – numa paisagem habitada, sempre, por um imenso silêncio vibrante de tudo. Este lugar que agora se vê – na sequência intercalada com as palavras do poema – é um lugar-imagem em liberdade, cuja força advém da natureza mágica presente, também, nas narrativas trágicas nascidas da potência criadora do mito. Monte Abraão? Quem sabe!...

Talvez possamos intuir estes espaços – os das imensas periferias das cidades – como os lugares da «pedra que espera dar flor»; aqueles lugares que, embora marcados pela voragem alucinada dos tempos modernos, continuam a guardar, nas suas entranhas, vestígios dessa memória-matéria intemporal que os constitui. A essa matéria plástica e dramática pertencem (pertencemos), e a ela sempre regressam, mesmo como novas ruínas, sempre em pedra, esperando.

       António Alves Martins



Características Gerais

 

Impressão digital.

Formato: (L.) 19 x (A.) 21 cm.

64 páginas, com 40 fotografias a preto-e-branco.

Inclui, em folha autónoma dobrada (18 x 20,5 cm), o texto «Os lugares da pedra que espera dar flor”, impresso em papel reciclado branco 100 g, junto com uma fotografia extra-série, impressa a jacto de tinta em papel Luster 240 g (folha 17 x 20 cm; imagem 14 x 14 cm), numerada e autenticada com o selo branco do autor.

Capa impressa em Chromo 300 g, com plastificação mate. 

Miolo em cadernos de oito páginas, cosido e colado ao verso da capa no último caderno, impresso em papel couché mate volume, 170 g 

Tiragem (edição única) de 150 exemplares ( + 10 extra-série), todos numerados.


 Um agradecimento muito especial a Duarte Belo, Grupo Porto Editora, 

José Domingues e Susana Paiva.

 

p v p 

 >  23 euros ( + 3 euros, portes em correio registado nacional).


Os pedidos poderão ser feitos através do seguinte endereço de correio electrónico: 

 

artesbreves@gmail.com

(António Alves Martins)