segunda-feira, 14 de maio de 2018

textos do montijo_1



I

a chuva corta – oblíqua
a luminosidade do dia

no verde da relva – memórias
variações ou a sombra
de uma azinheira


II

relâmpago
pura energia rompendo a espacialidade do tempo


III

o cavalo irrompe –
movimento feérico crepúsculo –
branco silêncio na meseta em fogo


IV

o pardal saltita, finta
a chuva, persegue o verme
que desfalece, súbito,
no bico ágil


V

serenidade abstracta –
tempo congelado dos dias de abandono


VI

na aparente calmaria das águas, o rio 
ilude a tormenta o abismo a submersão – arrasta
o silêncio – e a palavra, no poema,
é esse silêncio



[Estes textos foram escritos em Novembro e Dezembro de 2014, 
na UCCI_Residência do Montepio_Montijo; 
publicados, neste blogue, em Agosto de 2015; 
reescritos em 14 de Maio de 2018, em Coimbra.]