o dia irrompe no silêncio do corpo – aparentemente
suspenso na imobilidade da noite – quando os olhos, desafiando escancarados
a absoluta cerração,
lançam à solta – em
rodopios de delírios brancos – miríades
de palavras cegas espraiando-se
– fugazes
– em labirintos de espelhos – excessivos – sem duplo nem vertigem; e então, quando tudo te parece perdido, acaba sempre por eclodir uma imagem – suspendendo
o alvoroço
das palavras – onde reconheces o eco
do que ainda não és mas já viveste...
... como esse momento – súbito – em que de repente te isolas no salto e,
sabendo-o, te entregas ao intervalo da penumbra: a inquietação de que nem
o corpo do tempo se livra quando – nas suas
entranhas – vibra o grito que o mundo é.
[Escrito em 20 de Fevereiro de 2018; reescrito em 14 de Maio de 2018.]