segunda-feira, 14 de maio de 2018

da penumbra_2




o dia irrompe no silêncio do corpoaparentemente suspenso na imobilidade da noite – quando os olhos, desafiando escancarados a absoluta cerração, lançam à solta – em rodopios de delírios brancosmiríades de palavras cegas espraiando-se – fugazes – em labirintos de espelhosexcessivos – sem duplo nem vertigem; e então, quando tudo te parece perdido, acaba sempre por eclodir uma imagem – suspendendo o alvoroço das palavras – onde reconheces o eco do que ainda não és mas já viveste...


... como esse momento súbitoem que de repente te isolas no salto e, sabendo-o, te entregas ao intervalo da penumbra: a inquietação de que nem o corpo do tempo se livra quando – nas suas entranhas – vibra o grito que o mundo é.


[Escrito em 20 de Fevereiro de 2018; reescrito em 14 de Maio de 2018.]