Desde as suas origens que a fotografia afirma a possibilidade do múltiplo na sua dimensão de imagem material impressa. A impressão numa matéria sensível de uma luz encontrada, fica desde então à disposição para ser lançada em materializações individualizadas a todos os cantos da cidade e do mundo.
Infinitas as possibilidades?
Talvez, mas só se tomarmos como ponto de partida e de permanência o princípio
da metamorfose.
Vem isto a propósito da
apresentação pública, aqui no blogue, de uma nova acção do selo artes
breves edições: a «série K azul : porque uma cópia é sempre única».
Com esta série, assume-se uma
atitude de recusa da primazia do original, da pureza ilusória de uma
tiragem limitada, com circulação restrita da imagem que se quer
imaculada porque próxima do único, da arte pura; isto é, aqui: a não aceitação
de um discurso que se impõe pela negação da especificidade do meio, aquela em
que assenta a sua possível «verdade».
Com a «série K azul» afirma-se
simplesmente a virtude de uma perda, o saber de um esquecimento que liberta, o
fascínio por uma prática que tende para a dispersão, que se quer campo claro,
aberto, sem limitação definida de registo determinado numa série fixa, finita e
fechada.
Cada imagem terá um número, é
certo, mas este número é apenas a parte identificadora de um momento numa ordem «sem fim» à vista, como a determinação de uma imagem numa sequência
aberta N [o conjunto dos números naturais que vão de 0
a + ∞].
Coimbra, 24 de maio de 2021
Estudo para a folha de rosto.
O «K» entre grelhas, na Tipografia Damasceno.
A máquina da Tipografia Damasceno.
Uma prova.
Impressão final.
Uma capa aberta aguardando a cópia.