respira em abril a luz litoral diurna brisa
da noite que anuncia as manhãs púrpuras de maio,
tempo das cerejas, lembras-te?, desse súbito sopro
breve rodopio vivo agora mera inscrição nos ecos da memória
calcária do rio, puro vislumbre, silêncio
rasgando a página branca, eludindo, esquecendo a morte
sempre viva!, lembras-te do grito
transparente
carne frágil matéria livre, livre
camarón roçando a linha limite, ilha esquecida à deriva
repentina solidão trágica desistência mesmo gritando,
mesmo resistindo uivando viviré!
camarón roçando a linha limite, ilha esquecida à deriva
repentina solidão trágica desistência mesmo gritando,
mesmo resistindo uivando viviré!
de rosas púrpuras abrindo para um sul que se queria levante
perpétuo azul-cobalto matéria efémera delírio,
brusca leveza imensa pausa na vertigem silenciosa da luz
vertical resistindo ao pó, ainda o tempo possível eco
púrpura luz, grito vívido na memória calcária do rio, aqui
onde o murmúrio do deserto espreita, surdo silêncio ácido